terça-feira, 13 de julho de 2010

 

Uma poesia do Vieira Calado

Atenta nesta paleta de cores


estes sinais de opulência de luz breve
...símbolos que acordam a manhã dos nossos olhos

para a flor do sol
que insistem na múltipla transfiguração
das imagens que dão forma às nossas vidas;

repara no preto e no branco
como se a sinfonia dos acasos
não fosse mais que a sinfonia dos ocasos

ou no azul que desfalece
os matizes infindáveis do cinzento
que vai nos olhos, no sangue de cada um

porque é o sol magenta dos alvores matinais
que trai os sonhos da madrugada
a reflexão das cores e do entendimento.

Vê como o verde decai
em tonalidades martirizadas pelo ocre e o amarelo
sustentando a linha melódica dos barros;

Observa a cor do céu na fria latitude
dos gelos glaciares

na transparência da água dos oceânos
resolvida em anémonas e corais de luz.

Atenta no rosa dos frutos da primavera
entre as folhas a captar o sol
para a maturidade corrompida pelo granizo

onde a imagem da noite baila
no esmorecimento das cores e a sua ausência
o negro

o presente persistindo
curvado à sapiência do eterno.

Atenta nas cores
e ouve o timbre os tons da música
capazes de trazer violetas e rosas ao patamar da euforia

o clímax de cores de carmim e rosa
em púrpura desfeita virgindade
na face da menina já mulher.

Lê a tua sina em esmeraldas
e em rubis cristalizados
proscritos até ao fim do tempo

ou o ébano das noites frias envenenando
o frio diáfano de ametistas e turquesas
que resolvem a cinza em azul e oiro

e vê como tudo se encaminha para um grande abraço
num arco-íris que vincula a terra à terra
o sangue ao rubro sangue das entranhas dum vulcão
que derrama todas as cores,
os símbolos e os signos

o magma que há-de florescer nas sensações
a percepção subjectiva do real.

http://vieiracalado-poesia.blogspot.com/

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Um comentário:

Valquíria Calado disse...

A poesia do mestre como inicio,comecei bem.