terça-feira, 13 de julho de 2010



 


Conta uma velha lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique e uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e falaram:
- Nós nos amamos e vamos nos casar. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho ou um talismã. Alguma coisa que garanta que possamos ficar sempre juntos. Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até a morte. O velho sábio, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificante. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte desta aldeia e, apenas com uma rede e tuas mãos, caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo com vida até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha, onde encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la, trazendo-a viva.
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.
O velho pediu que, com cuidado, as retirassem. Observou então que se tratava de belos exemplares. - E agora, o que faremos? - perguntou o jovem – nós as matamos e depois bebemos à honra de seu sangue ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne?
- Não! - disse o feiticeiro -
Apanhem as aves e amarrem-nas entre si pelas patas, com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres... O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros...
A águia e o falcão tentaram alçar vôo, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade de voar, as aves jogavam-se uma contra a outra, bicando-se até se machucarem. E o velho disse:
- Jamais esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão: se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, viverão arrastando-se e, cedo ou tarde, começarão a machucar-se mutuamente. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos. Mas nunca amarrados.


 
 SE TU SOUBESSES, MEU AMOR

Embalado nas ondas do mar,
calmo e silencioso,
em noite calma de verão,
cantei à lua,
pensando em ti:

Se tu soubesses,
como te amo!...

Se tu soubesses,
meu amor,
ah, eu não teria de te dizer:
eu seria noite,
e tu seria lua!...

Se tu soubesses
do meu amor!...

Se tu soubesses,
meu amor,

Se tu soubesses,
meu amor,
bastaria amar-te assim,
como noite à lua,
todas as noites!...

Se tu soubesses,
meu amor, minha vida!...

Se tu soubesses,
meu amor,
eu seria... o que tu quisesses,
todos os dias da minha vida:
teu eterno amor!..
 ***
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 Poeminha 

Contudo me darei inteiro
Mesmo que de mim
Reste apenas um pedaço.

E do pouco que terei

Para ofertar-te
Ter-se-á a melhor parte.

No que há de mim perdido em frangalhos

Há, enfim, precioso fragmento
Das partes imputadas em cabais momentos
Meu inteiro é tudo que preciso

Te oferto em meio a risos

pequeno estado de contentamento
Dividido em partes de improviso
O que a ti agrada plenamente!

De FLÁVIO OTÁVIO FERREIRA. 
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*
misantropia
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 Poesias da Patricia Christle

...Silêncio

Não haviam pessoas

nâo ouvi vozes
Era eu e o mar
E meu pensamento
Em ti a navegar...
O dia se fez calmo
A noite serena
Meu silêncio encanto
Desta poesia pequena
*
...de ti
Em tua ausência enlouqueci
mas aprendi a sentir saudades

Não pense que meus dias são tristes,

são felizes e posso sorrir
Fecho os olhos e aqui te percebo,
não há outro lugar que queira ir
Sei bem o teu caminho,
assim como sabes o meu...
Teu abraço meu alento
que sempre nos envolveu!
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http://meupseuteamo.blogspot.com/

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Uma poesia do Vieira Calado

Atenta nesta paleta de cores


estes sinais de opulência de luz breve
...símbolos que acordam a manhã dos nossos olhos

para a flor do sol
que insistem na múltipla transfiguração
das imagens que dão forma às nossas vidas;

repara no preto e no branco
como se a sinfonia dos acasos
não fosse mais que a sinfonia dos ocasos

ou no azul que desfalece
os matizes infindáveis do cinzento
que vai nos olhos, no sangue de cada um

porque é o sol magenta dos alvores matinais
que trai os sonhos da madrugada
a reflexão das cores e do entendimento.

Vê como o verde decai
em tonalidades martirizadas pelo ocre e o amarelo
sustentando a linha melódica dos barros;

Observa a cor do céu na fria latitude
dos gelos glaciares

na transparência da água dos oceânos
resolvida em anémonas e corais de luz.

Atenta no rosa dos frutos da primavera
entre as folhas a captar o sol
para a maturidade corrompida pelo granizo

onde a imagem da noite baila
no esmorecimento das cores e a sua ausência
o negro

o presente persistindo
curvado à sapiência do eterno.

Atenta nas cores
e ouve o timbre os tons da música
capazes de trazer violetas e rosas ao patamar da euforia

o clímax de cores de carmim e rosa
em púrpura desfeita virgindade
na face da menina já mulher.

Lê a tua sina em esmeraldas
e em rubis cristalizados
proscritos até ao fim do tempo

ou o ébano das noites frias envenenando
o frio diáfano de ametistas e turquesas
que resolvem a cinza em azul e oiro

e vê como tudo se encaminha para um grande abraço
num arco-íris que vincula a terra à terra
o sangue ao rubro sangue das entranhas dum vulcão
que derrama todas as cores,
os símbolos e os signos

o magma que há-de florescer nas sensações
a percepção subjectiva do real.

http://vieiracalado-poesia.blogspot.com/

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